domingo, 8 de maio de 2011

O PRÊMIO DO ESCRITOR

    
Comecei a arrumar os livros na mesa de autógrafos. Um rapaz se aproximou procurando a escritora. Voltei-me. Sou eu.
 Era jovem, estava bem vestido. Os gestos simples com certa timidez que me chamou a atenção. Na certa não seria um dos convidados que iriam sentar naquelas mesas logo mais. Cumprimentou-me e falou: ouvi sua entrevista pelo rádio. Obrigada, você mora aqui na cidade?   Não Senhora, sou da Aldeia que fica por trás daquela serra. Desci para comprar o livro.
Autografei e agradeci ao índio que de imediato subiu a Serra do Ororubá com meu livro debaixo do braço. Ganhei a noite. Daquele momento em diante não importava o número de pessoas que iriam comparecer àquele tão esperado lançamento.
Um simples leitor, mesmo desconhecido, compensa todas as dificuldades que nos levam aos caminhos do escrever.
O escritor compartilha sentimentos e emoções com a humanidade, seja ele ficcionista ou não. A partir deste princípio a literatura é uma forma de incursão nas almas. Uma vez publicada, a obra não mais pertence a quem a escreveu, e somente àquele que a faz existir: o leitor.

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