quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

COMENTÁRIO POR MARIA JOSÉ GOMES




CARREGADOS SONHOS


         Carregados de Sonhos, assim Conceição o batizou. Foi muito feliz na escolha. Ela poderia ter escrito sobre Brasília já edificada, mas não, quis retroceder os ponteiros do tempo e escrever sobre o início, a construção no meio do nada, ganhando forma a cada dia, seguindo uma ordem lógica que começava com a origem do problema, terminando com a solução definitiva.
         O livro relata a trajetória dos operários que construíram Brasília, os chamados candangos, através da saga de uma família nordestina que migrou para o Centro-oeste no final da década de 1950, atendendo à convocação do então presidente Juscelino Kubitschek.
         É um livro com pernas para andar. A autora, através da sua intimidade com as palavras, conseguiu levar-me para um tempo no qual eu não vivi, e mesmo assim fez-me viver cada um daqueles momentos, imaginando cada um dos fatos descritos.
         Você, Conceição, tem o dom da crônica, sabe narrar e descrever fatos, lugares, situações, pessoas. Colorir os fatos com as palavras adequadas. Uma escritora contemporânea. Fala com a emoção que brota em seu coração. Linguagem clara, terminologia precisa e preciosa, concordância com o sonho e a realidade.
         Pura literatura que se reporta ao passado em Carregados de Sonhos, nostalgia o belo em resgatar e liberar memórias. O texto conceiciano é dotado de extrema sensibilidade e encerra uma verdade, um fato vivido.
         Leva o leitor a sentir-se presente, porque a linguagem utilizada é simples e clara.
         Mário Quintana diz em um dos seus belos escritos:...”Ao ler alguém que consegue expressar-se com toda limpidez, nem sentimos que estamos lendo um livro: é como se o estivéssemos pensando.”
         É isto mesmo que acontece em Carregados de Sonhos. Nesta belíssima obra, a autora chegou à sofisticação pela simplicidade, técnica usada pelos grandes escritores.
         Eis aí uma bela obra literária.
          Agora cabe ao leitor fazê-la existir.

 

 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO CARREGADOS DE SONHOS POR MARCO JUNO FLORES


Conclui hoje, com alegria, a leitura de "Carregados de Sonhos" da colega Conceição Alves.

Olha, gostei.

No seu ritmo de prosa a nossa querida acadêmica pesqueirense contou a história. E mais do que isso: assumiu um estilo próprio, pleno de técnicas refinadas, as quais foram conduzidas com segurança, do principio ao fim do livro. Em alguns momentos eu relia o texto para conferir a desenvoltura da autora:

 

“Ao raiar do dia, estava com sono, a história toda na memória, alguns tópicos no papel para se garantir. Dormiu ali mesmo recostada no sofá. Despertou com a cabeça cheia de ideias."

 

Aí, a falsa terceira pessoa foi a opção da autora. Ficou legal.

 

Um narrador oculto (SMJ) apossou-se da narrativa – isto quando os personagens lhe davam alguma oportunidade - do princípio ao fim. Não me lembro de ter visto, em nenhum momento, uma narrativa onisciente. Não me lembro também de qualquer opinião própria manifestada pelo narrador.

 

A história pode até ser a mesma de milhares de pessoas que viveram aqueles tempos, mas alguém teria de contá-la, e isso Conceição o fez bem. A ideia de entregar a narrativa, na sua essência, aos personagens, renunciando ao discurso indireto, me pareceu outra opção interessante da autora. Dá maior credibilidade.

E por ai se foi a colega na missão de “ghost writer” de luxo. Fugiu da narrativa em terceira pessoa, o que faria o escritor comum.

A SINFONIA DA ALVORADA

História da Sinfonia.

A Sinfonia da Alvorada, que mais tarde ficou conhecida como Sinfonia de Brasília, foi encomendada a Vinicius de Moraes e Tom Jobim pelo Presidente Juscelino Kubitschek desde fevereiro de 1958, mas o trabalho da dupla foi adiado por causa de protestos contra a construção da cidade, originados principalmente nas áreas de oposição ao governo.

Mais tarde, Juscelino reiterou o convite através do arquiteto Oscar Niemeyer, que transmitiu a Vinicius a vontade do Presidente de ter a Sinfonia pronta antes de 21 de abril de 1960, dia marcado para a inauguração da capital.

A convite do Presidente, Tom e Vinicius passaram uma temporada em Brasília, para conhecer o local onde a cidade estava sendo construída.

Mas Brasília foi inaugurada sem a Sinfonia. Planejaram, então, uma nova data para apresentação; um espetáculo de luz e som para o dia 7 de setembro de 1960. Também não aconteceu por causa dos altos custos apresentados pela empresa francesa Clemançon, que proveria o equipamento e a tecnologia para o evento.

Finalmente, em 1966, a Sinfonia da Alvorada foi apresentada em primeira audição, na TV Excelsior de S. Paulo. E só em 1986, decorridos 26 anos da inauguração e após a ditadura militar, ocorreu uma segunda apresentação na Praça dos Três Poderes em Brasília.   Juscelino já havia morrido e Vinícius de Moraes. O texto de Vinícius foi falado pela filha Suzana de Moraes e por Tom Jobim.

A Sinfonia é dividida em cinco partes:

1 - O Planalto e o Deserto

2-  O Homem

3 - A Chegada dos Candangos

4 - O Trabalho e a Construção

5– Coral

O vídeo apresenta a terceira e a quarta parte da Sinfonia: A Chegada dos Candangos e O Trabalho e a Construção, textos que tem mais a ver com o livro Carregados de Sonhos de Conceição Alves.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

PROGRAMADO PARA O DIA 04 DE AGOSTO DE 2012, A PARTIR DAS 16:00, NA ACADEMIA PESQUEIRENSE DE LETRAS E ARTES O  LANÇAMENTO DO LIVRO "CARREGADOS DE SONHOS", EM PESQUEIRA - PE.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

APRESENTAÇÃO DO LIVRO CARREGADOS DE SONHOS DE CONCEIÇÃO ALVES, POR DJANIRA SILVA.





  “Neste romance, leitor e personagens se familiarizam através de diversas vozes dentro da maior sofisticação da técnica: a simplicidade”. Com estas palavras Conceição Alves nos entrega o livro Carregados de Sonhos.
Com uma linguagem fácil, coloquial, a autora inicia a narrativa. Empreende uma viagem que se assemelha à saga de um escritor que se entrega de corpo e alma aos fazeres da escrita. É assim, assim mesmo - o escritor é um retirante que sai de si mesmo numa caminhada cega criando seus próprios caminhos.
Sabemos que cada autor tem seu público. Isto não quer dizer multidão. O público de cada autor é aquele que pulsa com ele. Escrever, na verdade, é uma árdua missão, um mistério que só que nem o tempo desvendará. Quem nos lerá? Que valor tem o que escrevemos?     
Dentro desses parâmetros Conceição parte com garra e audácia, e desenvolve seu trabalho entre o sonho e a realidade, o sonho sim, pois a invenção é o ponto culminante da arte, elemento imprescindível  à criação literária. Realmente, Conceição Alves, deu um salto do romance   ficcional para a narrativa entrelaçada, oscilando entre o ser e o dever ser, onde a preocupação com técnicas e formas literárias empresta um novo rumo à sua obra.

sexta-feira, 8 de junho de 2012


MEU NOVO LIVRO:  CARREGADOS DE SONHOS
APRESENTAÇÃO

              Muitas informações, as mais precisas, para construir este romance foram pesquisadas em vários escritos sobre a história de Brasília que constam do acervo do Arquivo Público do Distrito Federal. As demais, colhidas de personagens reais que participaram do Grande Empreendimento de Juscelino Kubitschek, são contadas por dentro; a parte humana, as lutas daqueles que se arriscaram sem medir esforços, arregaçando as mangas e partindo em busca de um sonho comum; o sonho dos grandes (governantes, políticos e pensadores), e dos pequenos; homens simples e corajosos.
            Entre os nordestinos sedentos de trabalho e de crescimento fizeram parte uma família, cuja saga está nas próximas páginas, que sofreu as consequências das secas da região e, como tantas outras, migraram para o centro oeste do país, numa trajetória de sofrimento e perseverança, com a perspectiva de uma vida melhor; para eles apenas a sobrevivência. Uma narrativa emocionante que o caro leitor acompanhará ciceroneado pelo narrador.
            O maior objetivo do romancista é que suas personagens, criaturas surgidas de sua mente, reais ou ficcionais, se tornem íntimas dos leitores e sejam pessoas que falam, se movimentam, sentem e vivem. Neste romance, leitor e personagens se familiarizam através de diversas vozes dentro da maior sofisticação da técnica; a simplicidade.




A autora


quinta-feira, 7 de junho de 2012

ORELHA DE CARREGADOS DE SONHOS


ORELHA  - 1


            O novo livro de Conceição Alves, Carregados de Sonhos, fala da trajetória de uma família nordestina e da construção da nova capital do país, Brasília, no fim dos anos cinquenta.
Como milhares de nordestinos, os personagens ouviram surpresos a “boa nova” que acenava com a realização dos desejos de uma vida digna. Livrar-se das dificuldades causadas pelas secas recorrentes na Região e o fascínio pelas noticias que de lá chegavam, misturavam-se à esperança e ao medo da perda de suas raízes.
Mas partiram, cheios de saudades e sonhos, o pai, a mãe e o filho, em direção ao Planalto Central deixando a terra, parentes, amigos, as alegrias em tempos de colheita e, abrindo caminho para grande parte da família.
A autora optou pela narração em primeira pessoa entregando ao filho mais novo, agora com cerca sessenta anos, o relato dos acontecimentos e sem se preocupar com a interlocutora faz quase um desabafo. Amanhecia, quando a sobrinha depois de uma escuta paciente adormece no sofá, com a saga da família na cabeça, pronta para ser registrada.
Logo sentiu que era preciso completá-la através de documentos oficiais, estudos, fotografias, enriquecendo-a com outro olhar. Pode-se então, ler duas histórias: a saga dos trabalhadores e de suas famílias e a dos responsáveis pela construção da Capital atendendo à convocação do então Presidente Juscelino Kubistchek.
            Os fatos narrados se mesclam, se fundem no trabalho nos canteiros de obras onde mergulharam junto a outros candangos, vindo de várias partes do país.
O livro vem enriquecer a memória desse histórico momento.

                            Mila Cerqueira

domingo, 3 de junho de 2012


                            A ARTE DE NARRAR

                                              

Conceição Alves – Membro da Academia Pesqueirense de Letras e Artes



     Vamos pensar porque o ser humano, desde os seus primórdios, sempre se apresentou como aquele que tem, por fundamento ontológico, a necessidade de narrar, de transmitir sua história e experiências ao longo da vida.

     Anteriormente à escrita, no interior das grutas, na superfície das rochas, o homem primitivo  nos deixou o testemunho de sua passagem pela Terra, pintando seu cotidiano, na forma mais rudimentar, utilizando-se do recurso às imagens para se comunicar.

     Com a invenção da imprensa alcança-se definitivamente a possibilidade de se divulgar, para um número maior de leitores, as informações e fatos de nossa história como também esse modo singular de fazer arte através da escrita, que é a Literatura.

       Contar uma história da vida real ou do mundo imaginário da ficção, sob as mais diversas formas de narrar; crônica, conto, novela, romance. Um fato histórico, a saga de uma família, uma biografia, a cena de um crime, uma história de amor e muitas outras.

     O ser humano sempre foi um contador de estórias, motivado por uma intensa e profunda necessidade de comunicação, através desses diversos caminhos e estilos encontrados pelos escritores para transmitir pensamentos, emoções, sonhos e fantasias.

Os Memorialistas, que se dedicam a retratar a memória de um povo.

Os Historiadores, que buscam encontrar a origem dos fatos históricos. 

Os Biógrafos, que relatam a vida de personagens famosos da nossa história.

Os Poetas, que encontram, na poesia, esse meio encantado de narrativa para nos falar de suas emoções.

Os Contistas, que conseguem ,em poucas palavras, nos apresentar relatos densos de experiências vividas.

Os Romancistas que nos trazem, através da narrativa da estória  de seus personagens, aspectos muitas vezes relacionados às  suas próprias vidas.

Os Haicaistas, que conseguem, tão sucintamente, nos falar de emoções universais através de uma ou duas palavras.

Os Cordelistas com uma narrativa quase que épica do sertão nordestino,

Os que buscam, na literatura de  Humor, uma forma mais descontraída de narrar as verdades do cotidiano.